terça-feira, 18 de agosto de 2009

É NA CALADA DA NOITE




É quando o sol se põe que as coisas acontecem
A cidade se ilumina, e as estrelas desaparecem
As pessoas se sentem inseguras
E as luzes camuflam as verdades mais duras


A cidade esconde o brilho das estrelas
O tão lindo cintilar dos astros

A luz camufla as suas inseguranças
E nos mostra como somos fracos


A escuridão chega a nos envolver
Com forças tão hábeis
Que nos faz perceber
O quão somos frágeis



O frio é mais forte
O sereno é constante
O temor é sufocante
A coragem se vai por um instante


Os animais mais perigosos acordam

A fome bate, a pupila se abre num movimento atróz
As presas se mostram na boca
A vítima espera seu algoz



As coisas ruins acontecem
As crianças simplesmente perecem
Os adultos mais fortes enlouquecem
Os mais espertos, na escuridão, desaparecem


As coisas ficam mais difíceis
Mais complicadas, mais loucas, mais insanas

Choros, lágrimas, gritos de horror
Somos refêns de monstros à paisana



Na noite é quando tudo acontece
Os nossos mais íntimos medos aflora

Nossa alma se rende ao medo
Que aos poucos nos devora


Ao sentimento de dor, distância
Mesmo assim o sentimos, tolerância

O medo domina os mais corajosos
E dá forças para lutar os mais invejosos


Leõs se tornam gatinhos
Gatinhos se tornam manchas de sangue

As feras nos domina pela astúcia
As nossas incertezas, as nossas angústias


Nossos pesadelos reprimidos

Nossos "demônios" escondidos
Nossos maiores temores contidos
Nossos corações partidos


A vida se torna mais importante
Mais frágil que pétalas

A menos segura no momento
A mais desejada pelas feras



A segurança não existe mais
A Noite trás pensamentos incertos

Nela os homens choram as suas perdas
Sem medo de serem descobertos



Os corações mais duros, amolecem
As lágrimas, nos olhos aparecem
Sem se importar se serão vistas

Os Homens agora são todos vítimas


Carinhos, afagos, alegrias, sorrisos, liberdade
É tudo ilusão

De algo que vc nunca terá
Na Noite que vem para te devorar


A Lua aparece com sua luz sinistra
Tão pálida e gélida

Tão cristalina e pura
Para nos trazer somente a loucura


É na Noite que descobrimos
Como somos pequenos perante aos nossos maiores temores

Como somos ingênuos diante do perigo
Como não somos nada diante do incerto


Ajuda? Não terás
Socorro? Vc nem conseguirá gritar
Quando a noite chegar
Quem virá te resgatar?


Vc só pode se render à ela

Viver às custas dela
Mas nunca será como ela
Viva, soberana, bela


Aceite, vc já era

(Rodrigo de Barros Perruci 29/08 às 1:41 A.M.)

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